Oito dias depois da chacina que
deixou mortos cinco integrantes de uma mesma família, na Brasilândia, zona
norte de São Paulo, as cenas de vandalismo nas casas em que os crimes
aconteceram aumentaram e atingiram também os vizinhos. O muro da casa em que moravam
a avó do menino, Berenice Oliveira, 65, e a tia-avó, Bernadete Oliveira, 55,
também foi alvo dos pichadores. Um pequeno salão de beleza e um boteco
localizados na parte térrea do terreno, alugadas por dona Berenice, também
ganharam pichações após o crime. A residência em que foram encontrados os
corpos do sargento da Rota Luís Marcelo Pesseghini, 40, da cabo da PM Andréia
Pesseghini, 36, e do filho do casal, Marcelo Pesseghini, 13, por exemplo, agora
tem pichadas também as paredes da fachada, por dentro dos portões –os quais,
até semana passada, eram os únicos alvos dos pichadores com a mensagem
"Que a verdade seja dita". "Ela tinha esse gato e um
marronzinho, que foi embora. O pretinho fica andando pelo muro, para em frente
à janela do quarto dela e mia várias vezes ao dia", contou um vizinho que
não quis se identificar. Inabitados os imóveis desde a chacina, ao menos a casa
de dona Berenice --Berê, como era conhecida no bairro-- tem um morador cativo:
um gato preto que, de acordo com os vizinhos, está abandonado desde domingo. Um
casal de idosos que vende doces na rua que faz fundo ao muro de dona Berenice
apontou o gato no muro para a repórter e reforçou: "Ele fica agora aí e só
mia. Está magrinho, pode reparar", disse Severino José da Silva, o marido
de 76 anos. a mulher dele, Mara Maria da Silva, 83, se emocionou ao lembrar da
vizinha. Eles chegaram à Brasilândia há pouco mais de 40 anos. A família da
cabo Andréia, disseram, estava ali há cerca de três décadas. Avó de estudante
"era uma pessoa de muita fé""A Berê e o neto brincavam ali em
cima e ela acena aqui para nós. Esse menino era o bibelô dela, moça",
disse dona Maria. Se um dia a comunidade vai superar o que ela classificou como
"um choque"? "Nunca mais as pessoas daqui vão se esquecer
disso."Locatária de uma das três salas de dona Berenice nas imediações,
uma cabeleireira que também pediu para não ser identificada disse não acreditar
na hipótese de o neto da aposentada ser o autor da chacina. "Dona Berê era
muito religiosa, era uma pessoa de muita fé. Ela me ajudou quando eu estava com
depressão e era muito devota de Santo Expedito. Desculpe, mas não tem como
acreditar que o neto que era tão amoroso com ela tenha feito isso. Ninguém aqui
no bairro acredita nessa história", afirmou. Vizinha do casal de PMs, a
dona de casa Geralda Pereira Silva, 60, disse ter sabido há poucos meses que os
pais de Marcelo eram policiais. Ela também negou ter visto, em algum momento, o
estudante dirigir o carro da mãe pelo bairro –habilidade que um PM amigo de
Andréia disse à Polícia Civil que o menino possuía. "Moro há 23 anos no
bairro, mas nunca via essa família na rua. Era muito raro. A gente vai
retomando a vida aqui aos poucos, mas é uma tristeza grande para todo
mundo", relatou. FONTE UOL NOTICIAS
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