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19/04/2015

BETO RICHA É CONTRA O APOIO AO IMPEACHMENT

01/01/2015 - Solenidade de posse do governador Beto Richa e da vice-governadora Cida Borghetti
Do governador Beto Richa, na revista Época desta semana:

Das ruas, emana a voz dos brasileiros. E o que eles dizem não pode ser ignorado nem por governantes nem por partidos políticos. Insuflada pelas revelações de desvios de conduta de agentes públicos e militantes partidários, a população emite sinais de impaciência e o desejo da condenação sumária. Como interpretar onde vai dar todo esse movimento, que se nutre com prisões e escândalos que beiram os bilhões de reais? Primeiro, acredito que a mobilização da sociedade brasileira é autêntica, legítima, democrática e pacífica. Bem  diferente dos desvios praticados por grupos isolados, em junho de 2013. E, por ser tudo isso, não se submete a qualquer cabresto partidário ou liderança preexistente. As manifestações se repetem à revelia dos partidos – e é assim que devem continuar a ser. É uma marca dos novos tempos, onde todas as causas são compartilhadas nasredes sociais. Mas é notável que a necessidade de extravasar a opinião seja diretamente proporcional à gravidade dos fatos em apuração pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e pelo Judiciário. Uma das propostas colocadas pelos manifestantes é justamente a do impeachment da presidente Dilma. O tema é delicado, ainda mais para a sempre jovem democracia brasileira. A sua simples discussão não significa que o processo tenha de ser aberto a qualquer custo. Se for verdade que da discussão nasce a luz, então discuta-se. Mas ela deve ser racional, calcada em fatos concretos e objetivos. Não dá para fazer um debate apenas para iludir a nação ou como pretenso corolário de desvios de conduta que estão sob investigação. Ou para vingar os desmandos e desacertos da economia. Impeachment é coisa séria. Tão séria que tem regras jurídicas claras. O fato gerador precisa ser incontestável. Coisa que, até agora, convenhamos, não existe. É preciso investigar tudo, esclarecer todas as evidências, punir todos os culpados. Só assim a justiça será feita. O Brasil precisa de verdades que possam ser ditas sem constrangimentos. Fatos que possam nos orgulhar e nos convencer de que estamos, de fato, construindo uma nação civilizada e capaz de discutir todos os assuntos de forma equilibrada. Inclusive o impeachment. A maioridade da democracia se forja nesses momentos de crise, em que a legitimidade dos eleitos é colocada em xeque. Ela se manifesta na aglomeração das multidões, que ocupam as ruas e as praças de forma espontânea. Sei que é difícil ter o necessário distanciamento da cena para compreender o verdadeiro sentido dos protestos. Mas também pode ser precipitado tomar partido apenas pela magnitude das concentrações. Minha crença é que a voz das ruas é a voz da liberdade de expressão, do direito de reclamar, do desejo de punir os desvios de conduta, da decisão de mudar o presente e construir um futuro melhor para o Brasil. Algo que não passará despercebido por nenhum brasileiro. Fonte Rigon

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