O mercado financeiro, a maioria dos economistas e alguns organismos internacionais podem estar muito pessimistas com a economia do país em 2015. Mas os brasileiros em geral estão na contramão desse sentimento, o que ajuda a explicar o aumento da aprovação da presidente Dilma Rousseff (PT) e sua reação na corrida pela reeleição. Os dados da corrida eleitoral do Datafolha desta terça são quase idênticos aos da pesquisa da segunda, um dia antes. Em votos válidos, Dilma registrou 52%; Aécio Neves (PSDB), 48%. Empate técnico no limite máximo da margem de erro, de dois pontos. Em votos totais, Dilma oscilou de 46% para 47%, Aécio manteve os 43%. Brancos e nulos foram de 5% para 6%; indecisos, de 6% para 4%. O exemplo mais eloquente disso é o da inflação. Pesquisa Datafolha realizada nesta terça (21) mostra que a expectativa de aumento dos preços desmoronou para o patamar mais baixo da série do instituto, desde 2007. Em abril, no momento de maior pessimismo, 64% achavam que a inflação iria aumentar. No fim de setembro, 50% continuavam esperando o pior. Agora, apenas 31% acreditam nisso. No sentido oposto, a esperança de queda da inflação também é recorde. Para 21%, o índice irá diminuir. Ao opinar sobre desemprego, poder de compra, situação econômica do país e a própria situação, a tendência é a mesma: otimismo crescente, pessimismo cadente.
A explicação para o aumento do otimismo pode ser a própria campanha eleitoral. Inclusive a de Aécio. Isso porque tanto a maioria dos eleitores da petista quanto a maioria dos adeptos do tucano apostam que seus respectivos candidatos irão vencer. Então, naturalmente, todos tendem a crer que o próximo presidente terá condições de promover melhorias. Entre os que votam em Dilma, 82% acham que ela será reeleita. No grupo dos que votam em Aécio, 78% acham que o vencedor será ele. O descompasso com as perspectivas econômicas parece grande. Depois de entrar em recessão entre janeiro e junho, a economia teve leve recuperação em julho e agosto, mas nada que altere a previsão de que o PIB deve crescer perto de 0,3% neste ano. Já a inflação, que havia perdido fôlego entre junho e agosto, voltou a acelerar em setembro, com aumento dos preços dos alimentos. O aumento do custo de vida superou o limite fixado pelo próprio governo e está em 6,75%. Nos segmentos sociais, a pesquisa confirmou avanços de Dilma entre as mulheres (de 42% para 47% desde o dia 9), no grupo dos que recebem entre dois e cinco salários mínimos (de 39% para 45% desde o dia 15) e no Sudeste (de 34% para 40% desde o dia 9).Também detectou um forte aumento do interesse pela disputa: 50% dizem ter "grande interesse" pela eleição (no fim de agosto, eram 39%). Combinado com o acirramento da disputa, isso torna o último debate ainda mais importante. O encontro da TV Globo será na próxima sexta. O Datafolha ouviu 4.355 eleitores.
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