Dirigentes de três partidos governistas —PMDB, PR e PP— enviaram Quarta-Feira (19) uma nota conjunta aos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais). No texto, acusam o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), filho do mensaleiro preso José Dirceu, de se apropriar de feitos legislativos de outros parlamentares. O documento é assinado pelos deputados que presidem no Paraná os diretórios estaduais das legendas acusadoras: Osmar Serraglio, do PMDB; Fernando Giacobo, do PR; e Nelson Meurer, do PP. Eles anotam que Zeca Dirceu “aborda prefeitos e vereadores para afirmar ser ele o responsável pela liberação de recursos que foram objeto, na verdade, de pleitos de outros deputados, aos quais os prefeitos estão vinculados politicamente.” Mesmo quando “advertido pelos prefeitos” de que as verbas federais chegaram aos municípios graças à ação de outros colegas, Zeca Dirceu os “constrange”, participando da “entrega de equipamentos e obras”. De resto, sustentam os deputados, o filho de Dirceu “dissemina e-mails” com dados falsos sobre a paternidadade das realizações bancadas no Paraná com verbas federais. Conforme a reclamação enviada a Mercadante e Ideli, Zeca Dirceu não falseia apenas a autoria das emendas penduradas pelos deputados no Orçamento da União. “Apropria-se de todos os programas federais, como se tudo fosse objeto de sua atividade, desrespeitando a atuação dos demais deputados que dão sustentação ao governo federal.” Mencionam, entre outros programas, o Minha Casa, Minha Vida e o Mais Médicos. Esse tipo de queixa está na raiz da crise que provocou o motim de sete partidos governistas na Câmara, à frente o PMDB. Os aliados se queixam de que o Planalto só se lembra deles no momento de exigir lealdade no plenário. Na hora de partilhar verbas, cargos e benesses que rendem votos, privilegiaria o PT. Contra esse pano de fundo, a tentativa de Zeca Dirceu de imprimir as digitais em feitos alheios é vista pelos colegas como uma espécie de crime de lesa-mandato. Não é a primeira vez que o deputado petista vai à berlinda. Ele já havia sido acusado de tomar como suas iniciativas dos outros em 2011. A diferença é que a acusação, antes subscrita apenas por Osmar Serraglio, ex-relator da CPI dos Correios, o embrião do mensalão, volta agora endossada por dirigentes de outras duas legendas governistas. Naquela ocasião, Zeca Dirceu se defendera-se de forma singela. Reconhecera o “trabalho de Serraglio”, mas dissera que “a atuação coletiva” de toda a bancada paranaense “amplia as conquistas.” Na nota enviada ao Planalto, reproduzida abaixo, PMDB, PR e PP ameaçam: se Zeca Dirceu não alterar sua conduta, planejam “instar o Conselho de Ética da Câmara a tomar as providências devidas.” Em outras palavras: cogitam pedir a cassação do mandato do filho de Dirceu por falta de ética.
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